quinta-feira, 20 de março de 2008

04 de janeiro de 2208 – São Paulo

Como já era de se esperar, as 05:00h o Comando S7 já estava descarregando os seus equipamentos para tomar guarda do nosso posto atual, e como eles já eram macacos velhos e conheciam muito bem a região pouparam toda a apresentação do posto.

Dessa forma, as 06:00h já estávamos decolando no velho AVM-232, e depois de umas paradas para manutenção da tranqueira, estávamos atravessando a fronteira final de segurança e entrando na Zona Morta de São Paulo.

São Paulo hoje é uma cidade deserta, completamente vazia onde só plantas, insetos e pequenos animais conseguem sobreviver, mas mesmo com garoa que esta cobrindo cidade dá para se ver o quão grande e formosa ela deveria ter sido antes da grande destruição.

Como já tínhamos a posição correta da base inimiga seria mais fácil de entrar sem ser percebido, assim baixamos a nossa altitude para 10 metros voamos bem acima de muitas casas cobertas pela vegetação e ao lado de vários prédios antigos.

As toxinas da K70 poluem o ar porém como é muito pesada fica restrito à 3 ou 4 metros do chão, assim podemos voar baixo para evitar os radares sem perigo nenhum de contaminação.

O local de pouso era um antigo prédio com uma antiga e pequena pista para veículos aérios. Escolhemos esse prédio, pois devido a altura temos um perfeito campo de visão e ainda ótimos pontos para as nossas snipers, e claro ele fica exatamente sobre um antigo sistema subterrâneo de transporte, dessa forma, temos opção de atacar por terra, pelo ar ou até mesmo pelo subterrâneo.

Descemos do AVM-232, ligamos o modo de camuflagem dele, e montamos nosso acampamento completo.

Cláudio, Rômulo, e eu conhecemos melhor o prédio afim de ver quais eram as melhores posições para fazer as nossas armas, e com a ajuda de Carla fizemos a instalação das câmeras de segurança e de um posto para guarda, enquanto isso, Pedro e Alexandre, o nosso brutamontes, prepararam armadilhas em pontos estratégicos e os outros, montaram as salas de reunião, dormitórios, banheiros e principalmente lacraram as portas e janelas indesejadas.

Quando terminamos tudo, já era muito tarde e como fiquei com o primeiro turno da noite já me sentei de frente aos monitores afim de observar tudo.

O quarto onde estou, fica na janela extremo norte do prédio, e nós estamos a exatamente a 5km do local onde o veículo inimigo está, pelas câmeras instaladas tenho toda a visão do nosso prédio, assim até o menor inseto é visto entrando. Dessa forma, fiquei até as 02:00h quando o Rômulo assumiu, até aquela hora nada além de insetos e pequenos roedores andaram ao redor do prédio, esse silêncio todo da muito medo.

quarta-feira, 19 de março de 2008

03 de janeiro de 2208 – Primeiro tiro.

03:30 da madruga e eu aqui sentado de olho nesses monitores, a única coisa que ouço é meu bom e velho som tocando minhas musicas prediletas. Ahhh como seria bom alguém aparecer aqui para mim inaugurar a minha AS-110.

Bem, 4:30 e até agora nada, realmente é um saco ficar aqui nessa guarita, por causa dos repelentes elétricos, nem mosquito vem me incomodar.

4:37 – Uhhhmm? O que foi isso??? Droga primeiro dia de plantão e já durmo, o melhor o que tenho a fazer é me manter acordado.

Logo após a minha cochilada de poucos minutos, exatamente às 4:50 da manhã vejo algo estranho no meu monitor, não posso dizer muito bem o que é pelo formato diferente, parece um javali se arrastando perto da entrada norte. Sempre ouvi histórias que esse local era mal assombrado pelos antigos povos que aqui viviam, mas um porco iria vir me assombrar? Continuo olhando aquele ser estranho que pelo meus monitores é algo vivo, e sem muita coragem de soar o alarme, apenas pego minha sniper ligo o modo infravermelho dela e fico de olho no bixo. Até agora nada aconteceu, mas ele está se aproximando muito da entrada norte.

Não resisto. O gatilho é muito macio e com certeza não deve ser alguém andando daquele jeito. Assim que vejo o brilho dos olhos dele virando em minha direção puxei o gatilho.

Com o estrondo da minha arma o alarme automaticamente dispara e vejo todos correndo pra fora dos alojamentos afoitos, nervosos e principalmente assustados, os novatos saem de cuecas e suas armas na mão procurando algo ou alguém para atirar, enquanto isso os mais experientes já fardados com camuflagem noturna começam a me perguntar pelo comunicador detalhes do ataque, e nisso explico o que houve.

Todos correm em direção ao portão norte e vêem o resto de um porco vestido com uma farda militar. Assim, percebe-se que foi uma armadilha, corro os olhos para os outros monitores e vejo 4 pessoas fugindo da nossa base num veículo muito tecnológico que não emitiu nenhum som.

Tento mirar com minha AS-110 mas já é tarde, já estão longe no meio da mata.

Passo essas informações para o comandante Marcos que já pede para todos do Comando S15 reportarem seus estados, e descobrimos então que a Dra. Miranda havia sumido no meio da multidão, enquanto isso, Carla nossa engenheira de comunicação junto com Paula nossa responsável pela nanotecnologia vasculham as gravações das câmeras para entender melhor o que tinha acontecido, Marcos convoca um grupo para ir atrás dos invasores colocando Marcio como líder e Pedro, Bárbara, Vitor e eu respondendo ao seu comando, já em seguida reporta o misterioso ataque para a base principal dos Pampas.

Enfim conheço o nosso AVM-122M, como o bixinho é forte, Marcio como sempre exímio piloto mostra toda a sua habilidade seguindo em alta velocidade a trilha deixada pelo veículo dos invasores, Pedro, que é mecânico e pirotécnico ao analisar a trilha que estamos seguindo, comenta que pelo estilo das marcas no chão e nas árvores, tudo indica ser tecnologia dos Japonésios, com isso todos ficam assustados e com nervos tensos, pois sabemos que dentre todas as 5 nações que hoje dominam o que restou da antiga terra, os Japonésios são os piores, pois além de todos os cidadãos serem treinados em artes de guerra, são os mais sanguinários e impiedosos com seus prisioneiros. Assim já começamos a nos preparar para o pior.

Após uma hora de corrida pela mata, chegamos a uma clareira e chegamos a tempo para ver nossos invasores embarcando em um veículo aério e decolando em alta velocidade.

Infelizmente, constatamos que perdemos nossa médica.

Ao retornar a base, Carla nos relatou o que descobriu:

- Em primeiro lugar não foram 4 invasores, e sim 3 invasores, o quarto indivíduo observado pelo cabo Lander era a Dra. Miranda, que aparentemente não apresentou resistência ao seqüestro. Em segundo lugar como todos sabem, depois que os governo dos Congos conseguiu a tecnologia espacial necessária para a instalação orbital deles, não existem mais satélites funcionando hoje em dia, mas felizmente, por coincidência, a nossa base espacial estava justamente tirando fotos do desenvolvimento da vida noturna na grande zona morta de São Paulo e pegou essas incríveis fotos:

Ao observarmos as fotos mostradas por Carla, descobrimos que o veículo que vimos decolando a poucas horas no meio da mata era o que agora estava pousado numa das áreas mais tóxicas do hemisfério sul.

Assim, após uma longa reunião entre Marcos, o tenente Anderson e outros membros da cúpula estratégica do União Americana, decidiu-se que por nós do S15 sermos o único comando ao Sul que teve um treinamento especial recente para as Zonas Mortas, somos os únicos capazes de ir resgatar a Dra. Miranda, dessa forma o experiente Comando S7 deveria assumir nosso posto e nós nos prepararmos para viajar e adentrar na zona morta de São Paulo.

Como escrevo esse diário para as futuras gerações, não sei qual é o conhecimento histórico do leitor, por isso vou fazer uma rápida explicação a que pontos chegamos.

No ano de 2058 grande parte dos pólos já havia sido derretido devido ao exagero dos nossos antepassados, assim motivado pelo estrondo crescimento econômico do Japão e da Indonésia, e por não terem mais espaço físico para continuar sua expanção uma vez que o nível da água estava aumentando muito, estes se unem num ato secreto e no dia 23 de junho, invadem a Austrália e com extrema velocidade dizimam todo o exército e todos os governantes de lá, criando assim a atual Japonésia.

Com isso em 2059, os antigos EUA na tentativa de recuperar a soberania da Austrália e das pequenas ilhas ao seu redor, investe frustradamente todo o seu poderio militar a fim de derrubar a nova capital da Japonésia chamada de Shinu, localizada ao Norte da agora devastada Sydney. Declarando então, guerra contra a Japonésia, assim começou a terceira guerra mundial.

Tendo como exemplo o Japão e a Indonésia, Rússia, China e Índia se unem criando a União das Nações Sociais - UNS, e convertendo todos os outros paises ao seu redor para a mesma política, aqueles que tentaram resistir mantendo sua soberania foram obrigados a se render por meio da força que agora os atacava.

Enquanto isso, A República do Congo se une com outros países e tribos Africanas e com o auxílio bélico e militar da Japonésia conquistam toda a África, criando assim a África dos Congos.

Nós da América, ainda conseguimos manter essa guerras longe das nossas terras até que em 21 de maio de 2079, um presidente maníaco dos EUA lança uma bomba de hidrogênio em Shinu, capital da Japonésia, assim em resposta, a Japonésia lança sua nova arma de destruição em maça apenas conhecida como K70, nas cidades de Nova York, Washington, São Paulo e Buenos Aires, e assim foi pelo mundo todo, bombas e ataques em destruição em maça, por fim restaram vivos apenas 10% da população mundial, algo em torno de 1 bilhão de pessoas.

Bom, mas saindo da história, voltamos para o nosso acampamento e começamos a preparação para o resgate da Dra. Miranda.

Xavier, nosso experiente bioquímico e com conhecimento de sobra das toxinas da K70, preparou nosso equipamento de segurança, e nós nossas armas.

Por sorte não teria que fazer o turno daquela madrugada pois devido a situação crítica era melhor o experiente Cláudio ficar com este turno, assim, fiquei de vigia novamente até às 2:00 da manhã e fui me deitar pois o nosso vôo com destino à Zona Morta de São Paulo estava marcado para às 06:00h.

terça-feira, 18 de março de 2008

02 de janeiro de 2208 – A base.

Acordamos cedo e fomos auxiliar o Comando S14 a preparar sua viagem de volta para o posto Sul. Assim que nos despedimos dos S14, cada um foi cuidar do seu material e se preparar para tomar suas funções dentro do campo.

Assim como eu, Rômulo e Cláudio são atiradores de elite, e nos reunimos na torre de vigilância em que passaríamos a maior parte do tempo.

A torre tem uns trinta metros de altura, dela você tem a visão geral de todo o campo e de todas as entradas e saídas das minas, apesar de parecer uma simples torre de observação, ela possui grande tecnologia, sendo que temos câmeras que monitoram qualquer coisa que possa entrar dentro do nosso posto, e qualquer objeto ou pessoa que entrar sem possuir a identidade cadastrada no nosso banco de dados, soará os alarmes e colocará a postos todas as torres de defesa.

Após decidirmos a escala de turno, fui conhecer melhor as instalações e dar uma volta pelas minas que tanto cuidamos.

Vou aproveitar esses minutos de folga e apresentarei alguns da equipe:

Em primeiro, nosso comandante Marcos, experiente piloto e motorista, e que sempre conta suas piadas junto com seu irmão Marcio. Marcio por sua vez é do estilo mais durão, só faz graça se Marcos está por perto, ambos devem estar na casa dos 35 anos e já tem muita história para contar.

Como já disse, Rômulo e Cláudio também são atiradores de elite como eu, mas diferente de Rômulo e eu, que somos novatos, Cláudio já carrega nos ombros muitas missões e principalmente algumas cicatrizes causadas por escolher posições arriscadas para utilizar sua inseparável AS-401.

Muitos devem estar pensando que no nosso Comando só tem homem, mas isso é um tremendo engano, ainda não contarei quantas mulheres temos na nossa equipe pois quero apresentar elas com cuidado, mas de início já irei apresentar a melhor, a bela Dra. Miranda, isso que é mulher, forte, determinada e possuidora de um olhar doce que cura qualquer enfermo em segundo. Nossa médica já provou muitas vezes seus conhecimentos para a União Americana, e inclusive corre o boato que querem ela na nossa capital México, eu e os outros membros do Comando rezamos todas as noites para que isso não aconteça, já que com certeza ela nos fará muita falta.

Ao meio dia, fui conhecer as profundezas das minas que estamos cuidando, conversando com alguns mineradores descobri que hoje ser minerador não é mais tão perigoso como nos tempos dos nossos antepassados, pois tudo é muito bem seguro e controlado, até as toxinas que já mataram tanta gente hoje é utilizada como combustível na mineração e principalmente para os gigantescos purificadores de ar que levam oxigênio para dentro das minas. Pessoalmente fiquei encantado com a beleza do lugar, nunca imaginei que as paredes poderiam ser tão brilhosas, as máquinas atuais, ao perfurarem queimam as paredes junto com areia e assim deixando-as com uma aparência de vidro, algo que não será fácil de esquecer.

Ao fim da tarde, logo que voltei ao acampamento, vejo alguns do Comando preparando o nosso brinquedinho AVM-122M, para dar uma voltinha pela região, mas como meu turno começará as 02:00h é melhor eu ir dormir pois, conforme os avisos dos S14, provavelmente seremos atacados em breve.

segunda-feira, 17 de março de 2008

01 de Janeiro de 2208 – Mais um ano.

Após a virada do ano, como de costume todos do nosso acampamento se abraçaram e fizeram suas homenagens ao grande J. J. Hollz, cuja a vida e a morte sempre deverá ser lembrada, pois para aqueles que não acompanharam a história dos últimos 50 anos, este foi o herói que conseguiu unificar os sobreviventes das Américas.

Assim após as comemorações fomos dormir.

Pela manhã, logo ao acordar vejo na linha do horizonte um céu avermelhado contornado por nuvens brancas que me lembraram um dos poucos dias felizes da minha infância, porém a nostalgia dura pouco e logo o Tenente Anderson convoca o nosso comando e nos prepara para a nossa primeira missão:

-Soldados do Comando S15! Como todos vocês sabem, somos o último posto ao sul da nossa grande União Americana, e estamos aqui para garantir que o povo do Pampas do Sul consiga continuar na mineração dos Andes, pois conforme o comunicado na noite anterior do atual Elmirante, que acredito que todos assistiram, nosso dia de ir para Terra Nova está próximo, sendo que pelos cálculos dos nossos engenheiros, mais 2 meses e conseguiremos todo o minério necessário para a nossa viagem.

O Tenente continuou: - Por isso, chegou a vez de vocês irem tomar conta dos nossos bravos mineradores e deixarem o nossos amigos do Comando S14 descansaram dos 2 meses de guarda. Então o que estão esperando? O transporte está marcado para às 09:00. Dispensados!

Às 08:00h eu e os outros onze soldados recém formados do Comando S15 já estavam esperando na pista de pouso, ansiosos para utilizarmos nossas armas e curiosos para conhecermos os perigos que nos aguardava nas Minas dos Pampas, enquanto isso Marcos nosso comandante e piloto, cuidava da manutenção e preparava as rotas para nossa missão, já os outros sete membros do nosso comando, experientes, sabendo que a viagem seria feita em um velho AVM-232, preferiram descansar até a hora da partida.

Como dito pelo Tenente, às 09:00 estávamos partindo, porém, para a nossa infelicidade foi nos dado um velho AVM-232 como veículo aério, mas felizmente acoplado neste um ótimo AVM-122M. Para os não militares que não entendem bolufas dessas siglas vou explicar, AVM é a sigla básica para todos os veículos militares que nós da União Americana usamos que significa, Avançado Veículo Militar, já os números, cada dígito tem um significado, mas hoje não irei perder tempo falando os detalhes, apenas direi que 232 significa Veículo aério para vinte pessoas de uso comum, já o 122M é terrestre para 5 pessoas de uso comum.

Assim, passamos a viagem toda entre os solavancos e turbulências, admirando o nosso 122M e loucos para dar os primeiros tiros. As 19:00h, como o previsto, chegamos.

Durante toda a viagem as palhaçadas de Marcos e seu irmão Marcio nos fizeram pensar que estávamos indo para uma festa, porém quando pousamos e fomos ao acampamento conhecer o Comando S14, conhecemos uma realidade completamente diferente daquela que estávamos acostumados a vivenciar. Todos do S14 estavam machucados, acabados e desmotivados, o cheiro de sangue cobria toda a área, ouvíamos gemidos de dor e sons estranhos.

Dessa forma, o Comandante Jeison do S14 se apresentou e nos levou para a base de estratégia, lá ele relatou tudo o que deveríamos conhecer antes de exercer nossas funções, explicou todos os detalhes do relevo e nos passando um histórico dos últimos 2 meses, contou o grande ataque que eles sofreram na última semana.

Terminada as explanações do Comandante Jeison, fomos levados ao nosso dormitório e nos preparamos para dormir.